domingo, 27 de abril de 2014

Almoço sem carne, sem peixe, sem ovos, sem glúten

Millet com grão de bico

Proteína...
Pode ser vegetal! E há muito por onde escolher: feijão preto, feijão manteiga, feijão catarino, feijão mong, feijão azuki, lentilha vermelha, favas, ervilhas, grão-de-bico... E ainda temos tofu, tempeh, seitan, miso...

Quando estiverem para perguntar a um vegetariano ou a um vegan "então o que é que comes?", lembrem-se que há bastantes mais alimentos a pôr no prato que a carne ou o peixe. E além disso, pratos com arroz branco, batata frita e um bife com ovo estrelado por cima não são propriamente equilibrados em nenhum tipo de pirâmide/roda alimentar.

O grão-de-bico é óptimo porque é rico em fibras que auxiliam o nosso sistema digestivo, prevenindo constipações, doenças digestivas e cardiovasculares, e mantendo o nosso trânsito intestinal em ordem. É perfeito para eliminar gorduras, açúcares e colesterol do nosso sistema, por isso está indicado para controlo de saciedade e problemas de obesidade.

Gostamos de cor, variedade e sabor! Por isso hoje deixo-vos com uma receita simples de millet com grão-de-bico. E como o millet é o mesmo que milho painço, esta receita também é adequada a quem tem intolerância ou sensibilidade ao glúten.

Ingredientes:


  • 1 tigela grão-de-bico
  • 1 tigela millet
  • 4 tigelas de água
  • 2 dentes de alho
  • 1 cebola
  • 1 tomate
  • sal marinho q.b. ou shoyu q.b.
  • gengibre q.b.
  • fio de azeite


Preparação:

Eu cozinhei o millet num tacho e o grão-de-bico noutro.
Antes de começar a cozinhar, o grão-de-bico deverá ficar de molho com alga kombu de um dia para o outro. 

A alga kombu evita a formação de flatulência que as leguminosas costumam causar. As algas são um óptimo complemento para a alimentação pelas suas grandes doses de cálcio e vitamina B12 (leiam mais sobre isso aqui).

Pique a cebola e os dentes de alho e refogue-os com um fio de azeite num tacho. Em seguida acrescente o tomate cortado aos cubos. Deixe apurar um pouco e acrescente o grão-de-bico, a alga demolhada e 2 tigelas de água. Tempere com gengibre e shoyu a gosto (prefiro usar o shoyu para salgar a comida em vez de sal) e deixe ferver. Depois deixe cozinhar, em lume brando, cerca de 50 minutos/1 hora. Convém ir verificando o nível da água e a cozedura do grão. Se acrescentar água, lembre-se de retificar o tempero.

Noutro tacho deite uma tigela de millet com 2 tigelas de água e deixe ferver até desaparecer a água. O millet fica pronto bem mais rápido que o grão, por isso convém começar a cozinhar o grão primeiro.

Assim que o grão estiver macio, apague o lume.

Misture o millet com o grão. Não será necessário salgar o millet já que se mistura com o molho do grão, mas se preferir pode polvilhar o prato com um pouco de gomásio*.

Acompanhe este prato com uma salada crua e vegetais ao vapor, por exemplo.


*sementes de sésamo tostadas e moídas com sal marinho tostado

sábado, 19 de abril de 2014

Trufas de alfarroba


Há alturas do dia em que apetece mesmo aquele docinho. Ao fim do jantar, a meio da tarde... no meu caso, em qualquer altura. Estou sempre pronta para comer qualquer coisa doce.

E embora leve uma alimentação vegan, isso não quer dizer que como sempre super saudável. É verdade que como bastante mais saudável do que alguma vez comi, mas o açúcar é vegan e nem por isso é saudável. Assim sendo há que procurar alternativas de adoçar o paladar e deixar o açúcar na prateleira.

No facebook ou instagram da Joana encontram-se receitas deliciosas livres de açúcares refinados. Por isso inspirei-me na receita dela para fazer estas trufas.

Acompanhei as minhas com chá de artemísia quentinho.

Ingredientes:

  • 1 cháv. de flocos de aveia
  • 1 cháv. de sultanas
  • 2 c. sopa de alfarroba
  • 1/2 c. sopa de geleia de milho (opcional)

Preparação:
  1. Misturar todos os ingredientes até obter uma massa e formar bolinhas.
  2. Depois de feitas, pode passar as bolinhas por côco ralado, amêndoa ralada, cacau em pó, etc.
Para melhor desfazer as sultanas, pode misturar os ingredientes (à excepção da geleia que pode ser acrescentada depois) numa trituradora ou picadora. Depois ao amassar, com o calor das mãos, a mistura torna-se mais consistente e mais fácil de se moldar.

Bom proveito!



Pilaf de legumes com arroz integral

Passei a conhecer o arroz integral quando os meus pais decidiram seguir o estilo macrobiótico. Confesso que na altura não fiquei maravilhada, embora me chamassem de "arrozeira". 

[Ao que parece, era de família, o meu irmão era igual. Metade do prato (ou mais) levava arroz e o arroz acompanhava tudo! Ok, nunca comi esparguete com arroz, mas comia empadão com arroz e isso para mim era muito normal, até me terem dito que não. Não sei, às tantas para vocês é!]

Ora bem, de qualquer forma, com o arroz integral... o arroz integral e eu... não foi amor à primeira vista não. Não fui arrozeira com este tipo de arroz. A verdade é que com este tipo de arroz não há necessidade de ser arrozeira porque este arroz farta! Com o branco, por muito que coma, parece que nunca fico satisfeita, cabe sempre mais. Com o arroz integral isso já não acontece. É o poder dos cereais integrais!

Sabemos que quanto mais processado ou refinado é um alimento, mais alto é o seu índice glicémico e o índice glicémico indica a rapidez com que um hidrato de carbono sobe os níveis de glicose (açúcar) no sangue. Sendo o arroz integral um hidrato de carbono complexo (não refinado), o organismo levará mais tempo a transformar os açúcares, o que se traduz numa vitalidade mais prolongada durante o dia, já que não sofremos com picos de energia como quando consumimos açúcares simples (e.g. açúcar, fruta, farinhas refinadas).*

Além disso, o arroz integral é rico em vitaminas do grupo B e proteína (há pois é! a proteína está em todo o lado, não é só na carne) e é óptimo para o trato intestinal devido à sua fibra natural.

Ingredientes:

Arroz

  • 1 cebola 
  • 2 dentes de alho
  • 1 cháv. arroz integral
  • 3 cháv. água ou caldo de legumes
  • 1 alho francês
  • 1 cenoura grande ou 2 pequenas
  • 1 mão cheia de brócolos
  • 1 punhado de caju
  • azeite
  • caril q.b.
  • paprika q.b.
  • gengibre q.b.
  • shoyu q.b.


Molho

  • 2/3 chávena de iogurte soja natural
  • 2 c. sopa de hortelã
  • 1 pitada de pimenta caiena

Preparação:
  1. Loure a cebola e o alho picados no azeite e, de seguida, deite o arroz e salteie, envolvendo-o durante cerca de 2 minutos.
  2. Junte os legumes (pode acrescentar outros como milho, ervilhas), a água ou caldo e tempere. Deixe levantar fervura. Se não estiver acostumado com o shoyu (molho de soja), pode temperar com sal grosso.
  3. Reduza o lume e deixe cozinhar cerca de 30, 40 minutos. (Se tiver demolhado o arroz de um dia para o outro, cozerá mais rápido. Se não demolhar, geralmente, demora cerca de 45 minutos até estar no ponto.)
  4. Deite o caju quando o arroz estiver quase pronto, para que os sinta ainda crocantes.
  5. Prepare o molho e sirva por cima do arroz. Voilà!



* Informação baseada aqui: http://www.e-macrobiotica.com/imp/artigos/alimentacao/hidratos-de-carbono e aqui: http://www.e-macrobiotica.com/imp/artigos/alimentacao/cereais-2a-parte

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Algumas avós sabiam-na bem....

Papas de aveia


Para alguns isto cheira a infância e aos avós.
Para ser sincera, a minha avó não fazia papas de aveia, fazia as sopas de pão. Eram "buchas" de pão mergulhadas em leite e açúcar.

Mas não me cheirando a infância nem a avós, pode cheirar-me bem e dar apetite. Àqueles a quem a nostalgia atacar, sugiro que ataquem as papas!

A vantagem de comerem as papas ao pequeno-almoço, em vez dos Cheerios ou Fitness, é poderem usufruir de uma refeição caseira, livre de açúcares refinados e de ingredientes muito difíceis de soletrar.

Além disso, a aveia é fenomenal para regular o trânsito intestinal e controlar a saciedade. Também é rica em cálcio, ferro, fibras e vitaminas, por isso é só pontos positivos para a aveia. Uma tigela de papas logo pela manhã e não sentirão vontade de comer até ao almoço.

Para aqueles que forem intolerantes ou sensíveis ao glúten, podem sempre comprar flocos de aveia sem glúten. Há disponíveis na loja Celeiro Dieta, por exemplo.

Ingredientes:

  • 1 cháv. de flocos de aveia
  • 4 cháv. de água
  • 2 c. sopa cheias de geleia de milho
  • 1 maçã aos pedaços
  • 1 punhado de sultanas

Preparação:

1. Levar a ferver 1 chávena de flocos de aveia com as 4 chávenas de água.
2. Assim que levantar fervura, incorporar a maçã partida e as sultanas e mexer bem. (Também podem incluir frutos secos como o caju. Fica uma delícia!)
3. Acrescentar a geleia de milho (também pode ser de trigo ou de arroz) e mexer bem.
4. Deixar cozinhar mais 2 minutos e voilà! Está pronto a ser servido.


domingo, 13 de abril de 2014

Um copo de sésamo ao pequeno-almoço

Esta é a primeira publicação deste blogue e poderia pensar-se que tenho de escrever um qualquer texto introdutório ao blogue...
...

E se começar logo por publicar o que quero mesmo? Comida! Quero falar sobre comida e mostrar fotografias de comida e falar de receitas de comida e escrever sobre quão boa a comida é.
Além disso, estou a pensar naquela pessoa que vai descobrir este blogue daqui a... umas publicações à frente... vai descobrir este blogue quando já houver tanta comida para ler e saborear com os olhos que não se vai importar de vir ler o texto introdutório do blogue. Aliás, num blogue com fotografias de comida, quem é que vai querer vir espreitar a primeira publicação que só tem texto? Uma publicação dessas não cheira a cozinha. Até podia cheirar! Se eu fosse um génio literário e transformasse as palavras em rolos da massa, farinha peneirada, pepitas de chocolate e vapor de bolo acabado de sair do forno. Assim sendo, começo já com o meu pequeno-almoço de hoje...

O pequeno-almoço tradicional normalmente inclui o copo de leite com o pão ou na tigela com os cereais. Esta receita mostra-vos que é possível incluir o cálcio na vossa alimentação sem consumirem leite de vaca. (e, na verdade, sem qualquer líquido branco dentro de um copo) Ah! não disse ali na introdução, mas eu não como nada de origem animal.

As sementes de sésamo são ricas em cálcio e em maior abundância que o leite e derivados e, além disso, são ricas em outros minerais como ferro, fósforo, magnésio, em vitaminas E, B1 e B2 e também têm valor proteico (não é só a carne que dá proteína aos nossos corpos).

Também podem encontrar a pasta de sésamo, muito conhecida por Tahin, à venda nos supermercados ou lojas de produtos naturais e é óptimo para barrar no pão ou utilizar em molhos. Futuramente, deixarei aqui a receita para o poderem fazer em casa porque sai bem mais barato.

Panquecas de aveia e sésamo



Ingredientes:

  • flocos de aveia
  • farinha de milho
  • sementes de sésamo tostadas
  • sal marinho
  • água

Preparação:


1. Tostar os flocos de aveia e a farinha numa frigideira. 
2. Misturar as sementes de sésamo, previamente tostadas, com um pouco de água até obter uma pasta homogénea.
3. Incorporar a pasta de sésamo com os flocos e a farinha, acrescentando água até obter a consistência desejada.
4. Acrescentar uma pitada de sal à mistura e envolver muito bem.
5. Aquecer a frigideira com um fio de óleo de grainha de uva ou outro e deitar uma porção da massa, em formato de panqueca.
6. Dourar a panqueca de um lado e outro e voilà!

Acompanhei as minhas panquecas com uma compota de morango caseira* e um chá 3 anos quentinho.

Se as vossas manhãs são autênticas coreografias em que uma perna entra nas calças ao mesmo tempo que arrancam uma bucha ao pão e penteiam o cabelo, sugiro que preparem esta massa na noite anterior. Torna tudo muito mais rápido na manhã seguinte. De qualquer forma, sugiro acordarem um bocadinho mais cedo para se poderem mimar logo pela manhã que é quando o dia começa. O pequeno-almoço é um óptimo mimo.

Bom apetite e aventurem-se no mundo da comida!


*Receita disponível brevemente